quinta-feira, 19 de agosto de 2010

um dia...

Passara horas a chorar quando chegara a casa, a chorar enroscada no chão, com tanta força que lhe parecia que o peito ia rebentar. Doía fisicamente chorar daquela maneira. Um choro assim tão doloroso e vigoroso podia derrubar paredes, vergar metal ou até transformar lua cheia em quarto minguante. Aquela rapariga sofria a sério, continha nela uma dor incondicionável. Não soube o motivo, pois ela queria guarda-lo. Começou a tremer e foi buscar apressadamente uma toalha de praia para se enroscar novamente no chão. Pegou nela e levou-a ao nariz como se estivesse a drogar. Inspirava o cheiro da toalha e as lágrimas escorriam-lhe dos olhos. Eu, ali a observa-la, senti que ela também se sentia sozinha. Tinha de a ajudar mas percebi depois que não podia, era impossível.

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